Este artigo poderia ter outros nomes, como:
-Histórias entrelaçadas
-Energia do mundo
-Há sempre uma história pior que a tua
-Nada passa p acaso
-Tudo encaixa
-Entre duas ilhas
-Melhor passar algo mau
chegar a horas
-Dian&David
-Primeira boleia
Hoje 23/11/2015 o meu dia começou às 5:45am, tinha Bus de Christchurch para Picton e logo 3h de ferry para Wellington.
Esta história começa na chegada ao destino, a minha mochila não estava no Bus, tinha desaparecido. Ao falar com o condutor (Stuart) digo que devia ter sido roubado mas ele conta que tinha retirado todas as mochilas na paragem anterior!!!! Pergunto porquê e ele fica sem saber que dizer… ao mesmo tempo diz para lhe dar os meus dados que logo me fazia chegar a mochila, ia regressar com outros passageiros e que se estivesse na paragem me ligava…mas ao mesmo tempo não assumia o erro e como eu só ia ficar 2 noites em Wellington, a solução que me propunha não era de meu agrado.
Fomos os dois falando/discutindo até à estação de ferry onde em 1h apanhava o barco.
Stuart dizia que não tinha culpa. Disse que ao ser ele a colocar a mochila dentro do Bus como era possivel ter retirado em uma estação sem ter a certeza que alguém a levava… era a primeira vez que isto me passava.
Chegámos a estar a falar nariz no nariz…
O que me preocupava não era a mochila mas a irresponsabilidade deste homem.
Em determinada altura penso… não estás na tua terra, melhor levar na boa porque já estava a ferver e isto com alguns amigos meus; Stuart já estava no chão fazia tempo…
Mudo o bilhete do ferry e entro no Bud como um novo passageiro. Voltaria para trás para tentar encontrar a mochila… respirei fundo e assumi aquilo como mais uma história de viagem como muitas. Ver como terminaria o dia e a que horas. O ferry ficou para as 22pm e o dia já estava perdido por isso Rock&Roll!
Ao chegar à primeira paragem vi muitos mochileiros e no meio do chão lá estava ela, a minha mochila!! Respirei e disse ao motorista: “está ali”!, ao que me responde: “és um rapaz com sorte”; apenas lhe digo: “somos dois rapazes com sorte”.
Trato de encontrar uma solução para regressar a Picton para tentar apanhar um ferry mais cedo que o das 22pm.
Vi os horários de Bus e eram tarde pelo que para fazer menos de 30kms decido apanhar boleia. Alguém me disse que na ilha do sul era fácil.
Depois de 20minutos tentando, na entrada de uma ponte lembrei-me de um casal do Uruguai que conheci nesta viagem, no Brasil. Viajavam apenas de boleia e diziam que escolhiam bem os pontos para pedir; decido por isso passar a ponte para a outra margem e passados 5 minutos parou um carro com um casal de idosos, Dian&David.
Podiam ser meus avós, super agradáveis ali estavam para me levar e lá cheguei a Picton para apanhar o ferry.
Na verdade já tinha apanhado uma boleia na Colômbia mas o carro parou sem pedir, hoje foi de braço estendido, gostei!
Aqui podia terminar esta história mas não, apenas começa.
Ao chegar sou informado que não se podia mudar o ferry para mais cedo porque um barco estava avariado.
Ok, seria ás 22pm, tinha toda a tarde livre…
Decido subir ao piso superior para carregar o móvil e depois de descansar um pouco vejo outra pessoa na sala de espera. Entro e conheço o Ben, morador na ilha norte, da cidade de Tapo (onde tambem vou passar). Estava com a sua mala ao lado e depois de lhe contar a minha história, começou a contar a sua. Tinha sido roubado numa estação e só podia regressar a casa em 2 dias, não tinha familia e não sabia que ia comer.
Então tudo começou a fazer sentido! Eu estava ali atrasado apenas com aquela pessoa na estacão por algum motivo era. Tinha comprado algo de comida, para uma emergência, e dei ao Ben. Pelo menos para aquela noite teri que comer. Agradeceu com aquela sinceridade e fui até Picton dar uma volta.
Pelo caminho medito e penso que as energias se encaixam, que tudo passa por algo que a minha missão hoje não era chegar a Wellington a horas e que no final essa era a razãopela qual eu não quero viajar com plano.
Pensei também na estupidez que é uma guerra onde se matam uns aos outros, toda essa gente tem missões iguais, todos os dias! ao morrerem nunca as vão realizar. Desperdicio.
Conclusão: o de hoje não passaria se tivesse apanhado o barco a horas, no final agradeço ter perdido a mochila e que tudo tenha saído furado. Comodidade está bem mas pode afectar o amigo que desconheces…
Today, 23/11/2015, my day started at 5:45 am. I had to catch a bus from Christchurch to Picton and then spend 3 hours on a ferry to Wellington. This story begins upon the arrival to my destination. My backpack was gone from the bus. Yep, gone. No sign of it. Well, I speak to the driver, a guy named Stuart and tell him that someone stole my backpack from his bus. He simply tells me that he removed all luggages from the bus in the previous stop. What? Yes. For what reason? No answer. My body temperature is slowly rising…. Anyway, I listen to Stuart’s proposal. Not good though… After his failure, I was supposed to rely on him to contact me back if he would find my backpack when going back? It would have been acceptable if he acknowledged his fault. But no. I am now boiling. Things are getting critical as we are arguing quite nervously head to head.
Ok. Stop. I admit it. I was not as worried about the backpack as I was about the irresponsibility of this fellow. He should be forbidden to drive buses not to mention touch someone else’s backpack! I have a thought for my homies and what could they do to this asshole for something like that. But ok, I am not at home, I take a deep breath and take the bus back to look for my backpack. The ferry was lost anyway.
When I arrive to the previous stop there it was! My backpack among several! Stuart says: “Lucky boy!” to which I reply: “That makes two of us”.
Now I have to get back to Picton to catch the next Ferry. I decide to try and ask for a ride. Eventually, and thanks to some tips from previous adventures I find the perfect spot and get a ride. A nice old couple Dian & David drop me in Picton and I am able to get the next ferry. Well, no. The next was doomed so I have to wait for the 22h one. I have the whole afternoon then.
I go to the waiting room to rest a bit and charge my phone. That is where I meet a new friend. Ben, from Tapo town (where I am suppose to go later) is there with his luggage. I tell him my story, he tells me his. Not nice. He was robbed and he had to wait for two days to go back home. No family around, no food, no money.
Everything then makes perfect sense! The backpack story happened for one good reason! I gave him so food I had on me and went for a walk in Picton. On my way I think about all this and realise that in fact the energies fit between them for a good purpose and that I was not meant to go to Wellington but to cross my path with Ben’s. That is why I hate travel with a plan. I start to travel in my mind and think about all the evil in the world, wars, famine, death, and it does not make sense at all. What a waste of time and lives!
Conclusion: If I did not loose my backpack I would have not been able to help a future unknown friend. I am glad the day turned out like this!