era Budismo…

Budismo, uma forma de estar na vida…

Posso dizer que é um tema que me persegue e que tenho vontade de saber mais.
Mas como digo sempre, quero que tudo passe naturalmente… é uma regra que tento seguir.

Que aconteceu para estar hoje em Ao Nang a escrever este texto em plena praia? faz dois dias algo passou e passou naturalmente…

O primeiro contacto con Da Lat (uma terra no interior do Vietnam) foi no tour de Halong Bay. Um italiano tinha alugado uma moto para ir a Da Lat e em plena mesa jantando me deu a conhecer essa terra con contornos maravilhosos.
O segundo contacto foi em Hanói no bus para o aeroporto, um canadiense me contava que tinha adorado ir a esse lugar; misturando Italia com Canadá deu Da Lat como futuro destino do ninja. Viajar sem plano é isto!

Terminado de chegar de avião a Ho Chi Minh, decidi que bem cedo apanharía o Bus para Da Lat. Falei com o recepcionista do hostal à 1am e a coisa ficou de fechar ás 7am do dia seguinte…
…lá fui eu de “sleeping bus” (onde todos os assentos são camas) para Da Lat. Levou 7/8h a chegar ao destino… já de caminho e fazendo contas pensava que ia fazer eu alí?? tería apenas 3h de sol e já tinha o bilhete de regresso comprado para essa noite ás 00:00. Parecia uma loucura!…

Ao chegar tinha certeza de uma coisa, que para a viagem valer a pena tinha de visitar rápido e não podia ser a pé. Saindo do bus e como acontece sempre por estes lados veio ter comigo um condutor de moto oferecendo seu serviço…mas ao explicar o que queria passou-me a outro que tinha uma moto mais rápida e falava um inglês perfeito, era o senhor TU.
Negociámos o preço e deixei a mochila na estação enquanto ele me mostrava um caderno com recomendações de turistas de todo o mundo…

Antes de arrancar apenas lhe disse: “a rota que vamos fazer é à tua vontade e até final do dia, tu decides onde ir! no final jantamos num local típico por minha conta”.
Longe estava eu de imaginar que o que ia fazer naquela terra era tudo, menos vêr paisagens.

TU arrancou com a moto dizendo que visitariamos 4 locais até ao pôr do sol. Lá fomos; TU cantava enquanto conduzia e eu observava a paisagem voando com um capacete por uma terra da qual me disseram têr muitas flores.
A paisagem parecia a minha Sertã, os pinheiros iguais as montanhas semelhantes… no final estava longe mas de alguma forma…em casa!

Primeiro umas cascatas, logo um lago, por terceiro uma Pagoda e para final ficou a estação de comboios do tempo dos franceses.
Ao chegar à Pagoda (casa antiga no Vietnam) TU explicou que era um local de tranquilidade e de reflexão, um templo budista com muitas flores. Flores que são o principal negócio de Da Lat pelo bom clima.

TU era budista desde o ano 2008 e explicou que no Vietnam todas as religiões estavam permitidas. Na realidade tinha reparado em muitas músicas de Natal pelas cidades e parecia estranho mas explicou que se devem à influência francesa quando o Vietnam se chamava Indochina e pertencia a França.

Pediu para não falar durante a visita e que fosse sozinho visitar; falaríamos no final. Parecia um mestre e não um condutor de moto turística.

Logo vi monges pela Pagoda…reparei como se moviam, tudo era paz naquele lugar e ficou mais evidente quando uma folha de árvore caiu no chão… um monge aproximou-se e apanhou a folha mas não de uma maneira normal; agarrou a folha por uma extremidade, com delicadeza, suavemente e muito lento repositou-a no lixo.
Esse movimento fez com que eu tivesse a certeza que ali tinha de haver algo mais, esse simples movimento não me parecia “normal”; porquê tanta harmonia e respeito num simples gesto e por uma folha de árvore?… foi esse o momento em que decidi saber mais.

Fui ter com TU e perguntei afinal que era o Budismo? Respondeu que necessitaria de mais tempo, que se ficasse 2 dias teria tempo para me dar mais pormenores…mas que fosse naturalmente buscando mais.

Disse que me explicaria de uma forma simples com um exemplo de sua vida.
Um dia falando com um amigo decidiu parar de comer carne e pouco a pouco passou ao Budismo. Esse amigo disse que viviria mais tranquilo, mas porquê?
Explicou que apenas com essa actitude de não comer carne vive mais relaxado e feliz; porquê? …que a carne aumenta a pressão sanguínia interna e que isso faz com que não descansemos bem pelas noites (explicou que é uma opção sua que os Budistas são livres de comer o que querem, apenas que não comem muito pela noite…), que o não descansar bem faz com que vivas com stress acumulado durante o dia, reduzindo a tua tolerância para com os outros e que os problemas muitas vezes se resolvam com conflitos.

Que é uma “religião” sem regras obrigatórias e que todos são bem vindos. Que a ideia geral era viver em paz com todos recebendo o que dás com a finalidade de viver em harmonia com plantas, animais e o homem. Ser toletante com o próximo e que se tratas bem o outro ou um animal estarás mais feliz. Esse raciocinio fez lógica em minha mente, era algo que se podia explicar e que não te deixa dúvidas como…. o “espirito santo”.
Fiquei com vontade de saber mais…

Logo fomos jantar num local rústico como pedí, comí apenas eu porque o Budismo diz que não precisas de um jantar forte uma vez que vais descansar e como tal algo ligeiro é suficiente e descansarás melhor. TU pediu para não conversar durante a comida.

Logo bebemos uma cerveja e TU escreveu numa folha aquilo que seguia em sua vida; moderação em tudo!
Que os turistas que conhecia e que viajam por muito tempo não eram mais felizes por isso… que tudo pede moderação, que a vida é o presente. Vi no seu discurso algo simples, lógico! entendí sentado a essa mesa porque tinha ido até alí…

Disse que os Vietnamitas deveriam estar mergulhados no ódio depois de tudo o que passaram mas que sabem que fazer mal ao próximo lhes trará mais mal… uma filosofia simples que faz com que o seu Vietnam seja tranquilo.

Logo fui para estação, me esperava outro “sleeping bus” para Saigão ás 00:00 e 7h de viagem.

Obrigado TU!

PS 1: Na verdade e pensando nesses principios de vida, chego à conclusão que de alguma forma sigo o “companheiro” Buda em algumas coisas. Sobretudo porque aos 16/17 anos tive uma influência que me fez vêr as coisas de outra maneira; fez com que eu mudara de uma actitude mais competitiva para passar a colaborar mais os outros; esse par acção-reacção de actitudes só me podería trazer coisas positivas. Sigo esse príncipio até ao presente dia, com bons resultados…

PS 2: Num Hostel em Bangkok falando com indianos de Nova Deli fiquei a saber que existe uma cidade na India onde nasceu Buda faz 2556 anos, que esse senhor ao longo da vida foi seguindo seus principios/ideias e que no final deu no Budismo. Quero visitar essa cidade em minha próxima paragem que será na India; nesse local seguro saberei mais sobre este tema…

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